SIEMACO-SP participa de intercâmbio sindical no Japão e apresenta panorama das relações trabalhistas no Brasil
A diretora do SIEMACO São Paulo, Silvana Souza, representou o sindicato e a UGT (União Geral dos Trabalhadores) no Programa de Intercâmbio América Latina 2025, promovido pela JILAF (Japan International Labour Foundation), entre os dias 29 de setembro e 10 de outubro, no Japão.
O encontro reuniu lideranças sindicais da América Latina (Brasil, Argentina, Chile e México) e Ásia (Japão), com o objetivo de fortalecer a formação sindical, aprimorar a negociação coletiva e trocar experiências sobre condições de trabalho em diferentes países.
A delegação brasileira foi formada por Silvana Souza (SIEMACO-SP/UGT) e Alex Eça (Sindicato dos Comerciários de São Paulo/UGT); Lucas Costa Cavalcante e Gleide de Oliveira (CUT), Katia Cristina Rodrigues Silva e Ricardo Pereira (Força Sindical).
A programação, organizada pela JILAF e pela central sindical japonesa JTUC-RENGO, incluiu palestras, reuniões e visitas técnicas a órgãos e empresas que representam o modelo japonês de cooperação entre capital e trabalho. Os participantes conheceram o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar (MHLW), a Federação Japonesa dos Trabalhadores do Transporte (Unyu Roren), a Casa da Moeda, o Parque e Memorial da Paz de Nagasaki, o Governo da Província de Shiga e o Centro Politécnico Taizo Techno College, voltado à formação profissional
“O intercâmbio foi riquíssimo, tanto em conteúdo quanto na vivência cultural. Tivemos o privilégio de conhecer o Parque da Paz de Nagasaki e o Museu Memorial, além de visitar empresas com tecnologias de ponta e instituições ligadas ao mundo do trabalho. Foi uma experiência que levo para a vida”, afirmou Silvana.
“Agradeço o apoio do presidente da UGT, Ricardo Patah, e do nosso presidente, André Santos Filho, pela confiança depositada em mim para participar de um intercâmbio de tamanha relevância. Ser escolhida pela UGT para representar o Brasil e ter o respaldo do SIEMACO-SP fez com que eu me sentisse muito honrada com essa oportunidade”, completou.
Temas brasileiros em destaque
Em sua apresentação, Silvana tratou de três temas centrais do contexto trabalhista brasileiro: a jornada 6×1, o assédio moral e a negociação coletiva.
A dirigente destacou os impactos físicos e psicológicos da jornada de seis dias de trabalho por um de descanso, comum em setores como asseio e conservação, e defendeu a busca por modelos mais equilibrados e humanizados nos acordos coletivos.
“A rotina intensa e o pouco tempo de descanso comprometem o bem-estar e a produtividade. Discutir novas formas de jornada é fundamental para proteger o trabalhador e promover qualidade de vida”, disse.
Silvana também abordou o assédio moral, problema que cresce nas relações de trabalho e atinge especialmente mulheres e trabalhadores em funções precarizadas. Defendeu campanhas educativas, canais de denúncia seguros e cláusulas específicas de prevenção nas convenções coletivas.
Ao tratar da negociação coletiva, destacou o papel dos sindicatos na preservação e ampliação de direitos, mesmo após a reforma trabalhista de 2017.
“A negociação coletiva continua sendo o instrumento mais eficaz para equilibrar as relações de trabalho e conquistar avanços sociais, como igualdade de gênero e combate à discriminação”, afirmou.
Modelo japonês inspira cooperação
O programa também evidenciou o modelo de diálogo social japonês, no qual governo, sindicatos e empresas participam conjuntamente da definição das pautas de negociação. As convenções coletivas são discutidas de forma antecipada, com foco em resultados que beneficiem tanto os trabalhadores quanto a produtividade das empresas.
“Lá, cada convenção coletiva é precedida por discussões entre ministérios e entidades empresariais. O foco é construir soluções conjuntas em vez do conflito. É um modelo que inspira e reforça a importância do diálogo e da representatividade sindical”, observou Silvana.
Entre os principais desafios do movimento sindical japonês, foram destacados o fortalecimento da filiação sindical, a redução das desigualdades salariais entre trabalhadores formais e informais, a ampliação da participação feminina, a prevenção do assédio moral e sexual e a inserção de jovens no mercado de trabalho formal.
Para a diretora do SIEMACO-SP, a experiência reforça o compromisso do sindicalismo brasileiro em valorizar a formação e o diálogo social.
“Fortalecer os sindicatos e investir em formação é o caminho para garantir respeito, dignidade e trabalho decente para todos”, afirmou.
*Edição por Alexandre de Paulo (MTb 53.112/SP); Fotos: Arquivo Pessoal/Silvana Souza



















