SIEMACO-SP participa de mobilização global nas lojas Starbucks do Aeroporto de Guarulhos por direitos trabalhistas

 SIEMACO-SP participa de mobilização global nas lojas Starbucks do Aeroporto de Guarulhos por direitos trabalhistas

Um protesto realizado na manhã desta segunda-feira (10), no Aeroporto Internacional de Guarulhos, paralisou o funcionamento de lojas da Starbucks por cerca de duas horas e colocou o Brasil no centro da maior mobilização global já organizada contra práticas trabalhistas da rede. A manifestação reuniu aproximadamente 250 pessoas em um ato que a FEMACO como uma das entidades organizadoras, com apoio direto do SIEMACO São Paulo, entidade filiada à federação.

O SIEMACO-SP levou dezenas de assessores para apoiar o trabalho no local e foi responsável pela banda que conduziu músicas e palavras de ordem durante toda a mobilização. A coordenação geral das ações no aeroporto ficou a cargo de Roberto Leme (Theo), coordenador do Grupo de Ação Sindical (GAS) da FEMACO, que liderou o percurso por todas as lojas da Starbucks dentro do terminal.

A mobilização contou também com representantes da Service Employees International Union (SEIU), o maior sindicato do setor de serviços do mundo, com mais de dois milhões de trabalhadores nos EUA, Canadá e Porto Rico, que mantém parceria estratégica com a FEMACO e com o SIEMACO-SP.

A presença da SEIU reforçou o caráter internacional do ato. O vice-presidente executivo da entidade, Neal Bisno, participou do protesto acompanhado de trabalhadores norte-americanos sindicalizados. Ele explicou que o ato no Brasil integra a onda mundial de paralisações que ocorre hoje nos Estados Unidos em resposta às condições impostas pela Starbucks à sua força de trabalho. “Os trabalhadores americanos que estão aqui hoje viram nas lojas do Brasil as mesmas dificuldades enfrentadas por eles nos Estados Unidos. Essa união entre países envia uma mensagem clara: quando os trabalhadores se apoiam mutuamente, as empresas são obrigadas a ouvir. Nossa luta é internacional porque a exploração também é”, disse.

As representantes da SEIU no Brasil, Ginny Coughlin e Rafael Guerra, agradeceram publicamente o apoio da FEMACO e do SIEMACO-SP na organização e mobilização. Segundo Ginny, a presença do Brasil é estratégica. “Quando sindicatos brasileiros se levantam junto com trabalhadores americanos, isso amplia nossa força global e demonstra que nenhum trabalhador da Starbucks está sozinho”, disse Ginny.

Protesto brasileiro ecoa crise da Starbucks no país

O ato em Guarulhos também refletiu denúncias recentes envolvendo a antiga operadora da Starbucks no Brasil, a SouthRock, que entrou em recuperação judicial e deixou centenas de trabalhadores sem pagamento de verbas rescisórias.

Uma das trabalhadoras afetadas, Ellen Rodrigues Eustáquio, ex-barista do aeroporto de Brasília, relatou a falta de respeito por parte da multinacional. “Era para ter recebido minha rescisão, mas disseram que as contas estavam bloqueadas. Nem o vale-transporte entrou no último mês. A gente precisou pedir dinheiro para voltar para casa. Foi muito desrespeito com todo mundo.”

Outra ex-funcionária prejudicada, Poliana Rodrigues de Souza, também lamentou a conduta da empresa. “Fizeram uma demissão em massa de madrugada, sem explicação. No dia seguinte, veio o aviso de que ninguém receberia nada por causa da recuperação judicial. Deixaram famílias inteiras sem renda”, denunciou.

Esses relatos foram lembrados durante o ato e ajudaram a impulsionar a mobilização no aeroporto.

Lideranças destacam força da mobilização

Roberto Leme também reforçou o papel da mobilização conjunta. “A Starbucks é multinacional e usa métodos parecidos de exploração em vários países. Quando trabalhadores se unem, ela sente a pressão. A nossa presença aqui mostra que ninguém vai enfrentar isso sozinho, nem no Brasil nem nos Estados Unidos.”

Já Neal Bisno ressaltou que os protestos simultâneos em ambos os países aumentam o alcance das reivindicações.
“Hoje trabalhadores do Starbucks protestam nos Estados Unidos, e essa mensagem da mobilização brasileira volta com a gente. Levar essa força internacional para os EUA fortalece diretamente o movimento por um contrato justo lá e pressiona as lojas aqui”, avaliou.

Por Fábio Lopes (MTb 81800/SP) – Fotos: Alexandre de Paulo (MTb 53112/SP)