Atendimento Previdenciário visita trabalhadores da jardinagem no Cemitério Israelita do Butantã

 Atendimento Previdenciário visita trabalhadores da jardinagem no Cemitério Israelita do Butantã

Levar informação com qualidade e orientar o trabalhador sobre os seus direitos previdenciários, essa é a principal missão da equipe de Atendimento Previdenciário do SIEMACO São Paulo, coordenada por Márcio Matos, que na quarta-feira (02), juntamente com a diretora Silvana Souza e sua equipe de assessores (Leandro Toledo, André Oliveira, Marcelo Santos, Anderson Lopes, Rodrigo Rodriguez, Jailson Rocha e Matheus Jesus) visitaram o Cemitério Israelita do Butantã, onde realizaram diversos cálculos do tempo de contribuição para os trabalhadores da jardinagem.

“Ao visitar os trabalhadores em seu local de trabalho o nosso objetivo é esclarecer as diversas dúvidas trazidas, principalmente pelas mudanças da Reforma Previdenciária (Emenda Constitucional 103/2019)”, explica Márcio, ressaltando que “o encontro foi muito satisfatório, pois foi possível esclarecer muitas questões, verificando as possibilidades de aposentadoria para cada caso específico.”

Segundo Márcio são diversas as alterações na Reforma da Previdência, como por exemplo a inclusão de pedágios (50% e 100%), novas idades de aposentadoria e regras de transição para quem já é segurado, entre outras mudanças.

“Trata-se de uma categoria de profissionais com grande número de trabalhadores que começaram a laborar muito cedo, devido à origem rural. Eles foram esclarecidos e informados sobre os requisitos mínimos para averbar o tempo de serviço rural, além de quais documentos devem ser apresentados ao INSS”, concluiu Márcio.

Tempo de trabalho rural

Maria das Graças Souza Silva, a “Gracinha” (como é conhecida), exerce a função de ajudante de Jardinagem na BST; começou a vida profissional “trabalhando na roça”, em Seabra (BA), com sete anos de idade. Aos 16 veio para São Paulo, em busca de um futuro melhor. Estudou até a 4ª Série Primária. Completará 50 anos no próximo dia 2 de maio. Tem seis filhos, cinco meninas e um menino.

O conceito de que é a união faz a força está no seu DNA. “Com o sindicato há uma troca, uma parceria, é um ajudando o outro”, diz. Ela conta que obteve conhecimento de que tinha direito ao auxílio maternidade pelo sindicato. Mesmo com “pouco estudo” sempre buscou esclarecimento e sente-se na obrigação de passar o que aprendeu para as outras pessoas. “Já fui vice-presidente de uma associação na minha cidade natal, na comunidade Vão das Palmeiras. Lá éramos todos lavradores, fazíamos serviços rurais”, lembra.

Gracinha era tão valorizada na comunidade que um candidato a prefeito a convidou para se candidatar a vereadora em 2008. “Fui candidata a vereadora em Seabra (BA), pelo PMDB, com a cara e a coragem. Obtive 180 votos. Foi uma boa experiência. Nós da roça não podíamos ser nada no passado. Mas essa experiência prova que podemos sim, pois temos nossos direitos e temos que conhecê-los para poder reivindicar”, afirma.

Certa ocasião, durante a campanha eleitoral, ela teve que falar diante de 3.000 pessoas, o que deu um “frio na barriga”, mas não a impediu de dar o seu recado. “Mal sei ler e escrever, mas tenho discernimento. Nunca prometo o que não posso cumprir. Criei meus filhos, e tenho orgulho em dizer que todos são trabalhadores e honestos; tivemos muitas lutas, mas também muitas bênçãos, por isso só tenha a agradecer a Deus”.  

Gracinha conta que a mãe teve 12 filhos e que ela é a mais velha. “Passamos muita necessidade, trabalhamos muito na roça dos outros, com muita dificuldade, para ter o que comer”, lembra.

“São Paulo foi uma benção na minha vida. Todos os amigos que fiz aqui valem mais do que dinheiro. Te digo que eu só trabalhei nessa vida. Não tive infância e nem adolescência, vim pra SP com 16 anos e fiz a minha vida aqui. Temos que correr atrás dos nossos objetivos, com muita fé e determinação”.

Gracinha pretende se aposentar contando com o tempo de serviço rural. “Agradeço ao sindicato pela ajuda em organizar os papéis para eu poder me aposentar. A Silvana e o pessoal do Previdenciário estão de parabéns”, conclui ela.

Gracinha (acima, à esq.) com colegas e parte da equipe do SIEMACO-SP

Para a diretora Silvana Souza, o compromisso do sindicato é estar sempre próximo, ouvindo e atendendo às necessidades dos trabalhadores. “Fomos até o Cemitério Israelita para prestar serviço aos nossos trabalhadores (as) com mais de 55 anos. Realizamos os cálculos do tempo de contribuição para fins de aposentadoria. O SIEMACO-SP se faz presente na vida dos trabalhadores todos os dias: na admissão, nossa Central de Vagas faz um brilhante trabalho; depois acompanhamos a vida laboral dos trabalhadores para garantir os direitos conquistados em CCT. Quando eles têm o período de férias lá estamos com as colônias de férias em Bertioga e Praia Grande; quando desejam voltar a estudar ou se qualificar temos nossa Central de Cursos. Se forem demitidos realizamos a homologação para garantir que todos os direitos sejam pagos. E, por fim, após tantos anos trabalhando, fazemos questão de realizar todo o processo para a tão esperada e merecida aposentadoria”.

O Departamento Previdenciário informa que “o tempo de trabalho urbano ainda não foi suficiente para a aposentadoria de “Gracinha”. Porém ela tem tempo de ‘trabalho na roça’ e esse período de trabalho rural também conta para aumentar o tempo de serviço para a aposentadoria”.  

* Pelos jornalistas Alexandre de Paulo (MTB 53.112/SP) e Fábio Busian (MTB 81.800/SP)