Trabalhadores da limpeza do Metrô estão sendo reintegrados, com o apoio do Siemaco
Num mutirão de atendimento, 340 ex-funcionários da Higilimp preencheram a ficha de solicitação de emprego da empresa Soluções Serviços Terceirizados, que assumirá o contrato de prestação de serviços de Asseio e Conservação na linha azul do metrô. Num misto de indignação e alívio, cada um deles tinha uma história triste para contar, mas saiam renovados e esperançosos para casa, na manhã dessa quarta-feira (17).
A ação aconteceu na sede do Siemaco, que concentrou toda a equipe sindical, da assessoria ao Departamento Jurídico, Homologação e suporte para garantir toda a estrutura para conforto dos trabalhadores, além de lanche e vale-transporte.
O gerente de operações Alberto Dias e a coordenadora do Departamento de Recursos Humanos Luciana Lisboa, ambos da Soluções, esperam contratar imediatamente pelo menos 350 profissionais. “Vamos fazer um estudo das necessidades do Metrô, a partir do metro quadrado contratado”, adiantou Alberto. Luciana complementou que a ideia é assimilar toda a equipe abandonada pela Higilimp, ressaltando que as entrevistas continuam na sede da empresa, na Catumbi, 99, no bairro do Belenzinho.
Eles explicaram que a Soluções foi a segunda colocada no processo de licitação de prestação de serviços de Asseio e Conservação da linha azul do Metrô, por isso assumiram o contrato nos próximos 24 meses. “É nosso interesse contratar os profissionais já experientes e vamos capacitar a equipe para garantir um serviço de excelência”, salientou Alberto.
.”Quem está puxando o trabalhador pelo braço, garantindo os direitos e emprego, é o sindicato. Essa parceria com o Siemaco é muito importante para nós, da empresa, o trabalhador e também para o Metrô”, continuou. Na próxima sexta-feira (19) já está agendado um treinamento para as lideranças (supervisores e encarregados), no auditório do Siemaco.
Contas a pagar, noites sem dormir
Com a senha de número 345 nas mãos, esperando sua vez para ser atendido, o encarregado Darlan da Conceição Gonzaga trabalhava na Higilimp há um ano. Com ele, Bruno da Silva (senha 370), Messias Lopes da Silva, Kleyton Vieria da Silva., Everton Antonio Amarante e a supervisora Sueli Oliveira Santos. A esperança de todos era a recolocação, mas Bruno e Messias também querem que a Higilimp pague os direitos de ajudantes gerais e não de auxiliares de limpeza, como está na carteira.
“Estou fazendo bicos na construção civil para pagar as contas, afinal a gente tem de ser virar”, disse Bruno. Sueli contou que alguns trabalhadores de suas equipes já foram despejados, por não poder pagar aluguel. “Estou indignada”, desabafou.
Aos poucos, as histórias revelam dramas pessoais como o vivenciado por Messias Lopes da Silva, que estão sem pagar pensão para o filho de quatro anos, apesar de ele alegar que o desconto era feito no holerite. Trabalhadoras grávidas vivem um drama a parte. “A gente só quer trabalhar de novo”, resumiu Kleyton.
Uma diretora igual à gente
Há meses atrás, Maria Silva era funcionária da Higilimp, até que largou o emprego ao se candidatar e ser eleita, em setembro de 2016, diretora do Siemaco. Por isso, acolher os ex-colegas foi uma satisfação para ela, que conhece boa parte deles pelos nomes.
“Eu sei o que eles estão sentindo, pois já passei por tudo isso também”, contou. Agora, ao lado dos colegas do Siemaco, Maria acompanhou de perto o drama dos trabalhadores abandonados pela Higilimp desde a primeira greve. “É uma felicidade poder ajudá-los, agora”, confessou, enquanto dava atenção a todos que a procuravam.