Política acirra debate durante 3ª roda de conversa da Secretaria da Juventude
O tema não poderia ser mais do que oportuno: Conjuntura Política e a Importância da PEC 241. Assuntos tão atuais e polêmicos mobilizaram os jovens, que continuaram o debate no trajeto de retorno ao trabalho mesmo após a conversa ter sido encerrada, na tarde de quarta-feira, dia 23, no sindicato.
Os trabalhadores da limpeza urbana, funcionários das empresas Ecourbis e Soma, vieram da região leste da capital e se juntaram aos colegas do asseio e conservação, colaboradores da empresa Vikings. Encontraram-se no auditório do Siemaco com o grupo-base, 20 profissionais identificados pelos seus perfis de liderança e se conhecem desde o primeiro encontro. A 3ª. Roda de Conversa reuniu pelo menos 60 pessoas.
A anfitriã, diretora do Siemaco que responde pela Secretaria da Juventude, Daniela Sousa, lembrou que o intuito não é apresentar conceitos prontos, mas prover o debate que estimula a tomada de consciência individual que gerará a mobilização coletiva, através do sindicato. Além dela, os diretores Márcia Adão, Elmo Nicácio (Lagoa), Nilson Ferreira (Kbeça) e João Capana deram às boas-vindas aos convidados.
Os palestrantes, o professor Luis Paiva falou sobre o tema principal. Paiva, de forma neutra, apontou aspectos positivos e negativos da proposta que, no Senado, foi renomeada como PEC 55. O congelamento do orçamento, pretendido pelo governo federal, foi criticado pelos trabalhadores.
“Congelar investimentos em educação e saúde é errado”, disseram alguns. O professor lembrou que é preciso limitar à despesas ao orçamento público.
Formação de novas lideranças
A Secretaria da Juventude tem como objetivo identificar e formar novas lideranças sindicais. Para isso, convocou o professor Paulo Roberto, do Ipros (Instituto de Promoção Social da UGT Nacional) para ser o facilitador nos próximos encontros. Ele foi apresentado ao grupo e delineou os passos do trabalho, que será retomado no primeiro semestre de 2017.
“A dinâmica é baseada na metodologia criada pelo professor Paulo Freire”, adiantou Daniela. Ou seja, construir o conhecimento a partir das experiências individuais e coletivas.
“Ninguém é eterno. Temos de preparar os jovens trabalhadores para serem os nossos substitutos, no futuro. “Pretendemos que saiam daqui novos líderes e multiplicadores do trabalho sindical.”, afirmou.
Cerca de 30 trabalhadores se reunirão uma vez por semana para debater temas pertinentes e terão uma “lição de casa” que norteará o encontro seguinte, de forma contínua. Paralelamente, os fóruns de discussões, abertos a convidados, serão realizados ao longo do ano, sempre abordando uma temática atual. “Queremos que os jovens sejam protagonistas, de forma emancipadora, consciente e plena.”
As lições aprendidas no dia-a-dia da rotina sindical
João, 33 anos, deixou o trabalho na logística quando se tornou assessor externo da sub-sede (Santo Amaro), do Siemaco. “Hoje tenho uma visão diferente daquela que tinha quando trabalhava numa empresa. Antes, liderava um grupo de pessoas, hoje eu me vejo representando pessoas. O meu compromisso e responsabilidade aumentaram”, salientou.
Voluntário numa ong (Organização Não Governamental), ele considera que a participação nas rodas de conversa organizadas pela Secretaria da Juventude garantem ainda mais bagagem para a sua “bandeira social”. “As rodas de conversa são oportunidades para formar uma visão mais abrangente. Ajudam a entendermos porque as coisas acontecem e que tudo está relacionado, da questão política às decisões pelas empresas”, ressaltou.
Trabalhadores dividem experiências, ideias e temores comuns
A cada encontro, os trabalhadores estão mais seguros para partilhar suas dúvidas, experiências e principalmente expressar as suas opiniões. Além de se posicionarem sobre a conjuntura política e a Pec, eles mostraram-se temerosos com seus empregos, a concorrência e o futuro do país.
Até mesmo as eleições norte-americanas e surgiram na pauta de discussões. Novamente, o orçamento e da questão dos imigrantes geraram polêmica. Enquanto alguns defenderam a importância da educação formal, outros explicitaram a preocupação com a entrada dos imigrantes estrangeiros no segmento limpeza. “Eles são bem preparados, com curso superior”, disseram alguns, enquanto outros afirmaram que isso é um motivo a mais para todos escudarem para se destacar profissionalmente e garatirem os seus empregos.
Resumindo, de conversa em conversa, tudo o que é discutido no sindicato gera crescimento e transformação. Informação que não fica restrita, pois é amplificada nos locais de trabalho, família e comunidade.