Siemaco denuncia que corte no orçamento municipal para a Limpeza Urbana poderá acarretar em demissões e caos em São Paulo
Uma semana antes das festas de Natal, sexta-feira (16) à tarde, e os trabalhadores da Limpeza Urbana do município foram surpreendidos com a notícia de que os vereadores votariam o Projeto de Lei Orçamentária 2017, reduzindo drasticamente a verba municipal destinada à Limpeza Pública. Está previsto um corte de R$ 81 milhões e 637 mil para os serviços de varrição e coleta, o que comprometerá de forma significativa a saúde, organização, limpeza e o bem-estar dos munícipes. Sobretudo, os empregos de milhares de profissionais que desempenham uma função prioritária e imprescindível para impedir o caos em São Paulo
Ainda vestidos com os uniformes de trabalho, auxiliares de serviços diversos, coletores, varredores e motoristas, acompanhados pela diretoria do Siemaco, foram até a Câmara Municipal para tentar sensibilizar os legisladores. Primeiro, fizeram assembleia pública e na sequência assistiram estarrecidos os discursos políticos e se manifestaram como lhe é direito.
“Eu não pensei duas vezes e vim aqui, ao lado do sindicato, lutar pelo nosso trabalho”, afirmou Adriano Fernando Eleutério, há cinco anos profissional da Limpeza Urbana. Pai de três filhos, dois meninos de 15 e 12 e uma menina de nove, ele sustenta ainda a esposa com o trabalho de coletor motociclista. “Isso aqui é uma cachorrada”, desabafou.
“Oitenta por cento da verba destinada à Limpeza Urbana é revertida em mão de obra. Homens e mulheres que trabalham dia e noite, embaixo de sol e chuva, limpando a cidade de São Paulo”, discursou o diretor financeiro do Siemaco, André Filho.
Há 24 anos limpando a cidade, o varredor Antonio Carlos Rodrigues Silva estava revoltado. “Nós colocamos os vereadores aqui dentro. Viemos dialogar como é o nosso direito”, argumentou lembrando que a categoria da Limpeza Urbana é formada por pais e mães de família. “Não podemos sofrer com o desemprego e a cidade não pode sofrer com tanta sujeira.”
“Os nossos trabalhadores, que formam a base da pirâmide social brasileira, são unidos. Não vamos admitir o descaso com a categoria”, completou o também diretor, Elmo Nicàcio (Lagoa). Também no plenário, o imigrante angolano, Msomi Mavanbu era cantor em Luanda mas decidiu vir para o Brasil recomeçar uma nova vida. Ele se considera um cidadão brasileiro de direito e não quer perder o emprego que conseguiu em fevereiro. “Eu preciso trabalhar, não posso viver na rua e gosto do trabalho na limpeza”.
“Não vamos aceitar demissões. Os trabalhadores estão mobilizados e representados pelo seu sindicato. Vamos lutar pelos empregos, direitos e pela nossa cidade”, completou o diretor Sergio Satomi.
Menos de 40 vereadores estavam no plenário, com autoridade de definir o futuro de milhares de profissionais. Uma decisão que afetará um contingente muito maior de cidadãos, direta ou indiretamente. Atento, o presidente do Siemaco, Moacyr Pereira acompanha de perto a definição do orçamento da verba destinada à Limpeza Urbana enquanto tenta dialogar com a futura gestão.
Siemaco defendendo a empregabilidade
A proposta é reduzir R$ 81 milhões e 637 mil na verba pública destinada ao pagamento dos serviços (terceirizados) na Limpeza Urbana, aproximadamente um terço do total. Vale ressaltar, que quatro empresas são responsáveis pelos contratos de prestação de serviços de coleta e varrição em toda a capital, empregando cerca de 20 mil trabalhadores e preservando a vida de milhões de munícipes.