Mutirão na Praça Marechal Deodoro valoriza a beleza da limpeza
A ação começou cedo na “Praça dos Garis”, na quinta-feira (9). Os trabalhadores da Inova chegaram antes das oito da manhã e pouco depois a equipe sindical e os colaboradores da Loga.
Armados de vassouras, tesouras de poda, pano, luvas, cal e até vaselina, tudo foi realizado com muito cuidado e competência. Principalmente a higienização e brilho das estátuas, que representam o varredor, a copeira, o jardineiro e a auxiliar de limpeza.
A ideia do mutirão foi dos diretores Elmo Nicácio (Lagoa) e Maria Silva, numa ação do Siemaco Sustentabilidade, que tem o apoio da gestora ambiental Junia. Maria contou que uma vez por semana o mutirão será realizado pela equipe sindical. A adesão é voluntária e não requer investimentos, apenas boa vontade e amor pela natureza.
A praça Marechal Deodoro, onde figura o Monumento ao Trabalhador do Asseio e Conservação e Limpeza Urbana, é bastante frequentada, mas as plantas estão sofrendo com a falta de chuvas. Além disso, com o inverno, os varredores não dão conta de recolher tantas folhas secas e bitucas de cigarro.
Não há descanso para a limpeza
A varredora Paula Costa Sousa Soares, 44 anos e 15 de Limpeza Urbana, fez questão de participar do mutirão. Ela trabalha ao longo da São João e cobre 16 travessas, no período entre sete e 14 horas, diariamente; “Eu adoro o pessoal do Siemaco e apesar de a Praça não fazer parte do meu setor eu sempre venho aqui, dar uma mãozinha para os meus colegas”, afirmou.
Moradora de São Miguel Paulista, ela contou que o seu bairro, apesar de periférico, é mais bem cuidado pelos vizinhos. Bem humorada, ela apenas reclama da população que “nunca está satisfeita e não respeita o trabalhador da limpeza”.
O desejo de Gigil, o apelido carinhoso do auxiliar de serviços diversos Gilson Oleriano da Silva, 61 anos, é cuidar da Praça dos Garis. “Eu me sinto homenageado quando venho aqui”. Ele adora cuidar das plantas e como não ter um setor fixo, apesar de estar baseado no Alojamento Barão, disse que seria uma honra cuidar da praça onde a sua profissão é reconhecida.
Sócio do Siemaco já três meses, o pernambucano não esquecerá o dia em que recebeu a sua carteirinha de filiado. “Agora eu posso cuidar dos dentes da miha esposa e depois dos meus.”
O colega Tiago Teixeira, 47 anos, cuida da praça há um mês. De poucas palavras, ele chama a atenção pelo penteado: o cabelo estilo “rastafári”, natural. Vindo do Piauí, ele não conhecia o sindicato, mas aproveitou para se filiar porque gostou do que viu.
“Esta é a profissão que Deus deixou para a gente, cuidar do meio ambiente”, agradeceu Euleni Ribeiro de Sousa, que confessou o amar pelo trabalho na varrição. Mãe de duas meninas, de 14 e 12 anos, só fica chateada quando as pessoas reclamam das folhas que caem, e dizem que o trabalho realizado não é bem feito.
O fiscal Adenildo Gomes de Oliveira mora e trabalha na região central de São Paulo e sabe que é preciso investir muito em educação para conscientizar a população. Isso para garantir o descarte correto dos resíduos sólidos e preservar os patrimônios como as praças públicas.
Se ele pudesse pedir algo ao prefeito, seria o cadastramento das carroças, que carregam entulhos de uma região a outra, muitas vezes por comodismo e falta de responsabilidade dos munícipes. “É muito entulho de obras, móveis velhos e até lixo de restaurantes jogados pelas ruas e nos pontos viciados, apesar de termos os Ecopontos, o serviço de Cata Bagulhos e a coleta de grandes geradores”, denuncia
Homenagem do Siemaco ao trabalhador
Inaugurada em 25 de janeiro de 2011, as estátuas de bronze, em tamanho natural, foram o presente do Siemaco à capital paulista na passagem do seu 457º aniversário. Trata-se do único monumento do mundo que homenageia categorias profissionais.
Desde então, o sindicato cuida e zela pela praça, mantendo segurança privada. É comum os munícipes, principalmente os trabalhadores do segmento da limpeza, pararem na praça para admirarem e se fotografarem ao lado das estátuas.
O segurança Tiago Ribeiro, funcionário da empresa Belfort, presta serviço de vigilância para o Siemaco. Ele conhece bem os frequentadores da praça e garante: os moradores sabem que o sindicato cuida muito bem desse lugar. Até mesmo os moradores em situação de rua, que ocupam boa parte do canteiro central embaixo do viaduto São João aproveitam o espaço, cuidando a maneira deles, da organização.
O diretor Lagoa trabalhava como coletor antes de se licenciar para atuar como representante do trabalhador, no Siemaco, Ele é o varredor personificado, pois posou como modelo para o artista plástico Murilo Sá Correa, que esculpiu as estátuas. Também por isso não esconde o amor que sente pela praça, e faz questão de estar sempre por alí.