Siemaco e Selur avançam rumo a uma negociação coletiva histórica
O tom do patrão era negociador, mas os representantes dos trabalhadores não abriram mão em avançar em direitos para os profissionais da Limpeza Urbana. Durante a terceira rodada de negociação para definir a Convenção Coletiva de Trabalho 2017, realizada na sexta-feira (15), o Selur ofereceu dois por cento (2%) de aumento salarial e três por cento (3%) nos benefícios.
Apesar de a oferta estar acima da inflação do período (INPC 1,73%), os diretores sindicais consideraram muito pouco. O presidente do Siemaco, Moacyr Pereira, insistiu na negociação as demais cláusulas da pauta de reivindicação, principalmente a insalubridade para os ajudantes de serviços diversos, o desjejum e a homologação. O presidente do Steriiisp, José Alves do Couto Filho (Toré), por sua vez, quer a melhoria dos convênios médico e odontológico.
Manutenção da garantia das CCTs anteriores x Livre negociação
No início inflexíveis, aos poucos os diretores do Selur concordaram em discutir. “Somos o primeiro sindicato patronal a nos adiantarmos e dar garantias de manutenção das cláusulas das Convenções Coletivas anteriores apesar do cenário de incertezas a partir de 11 de novembro, quando passará a valer a novas regras da Reforma Trabalhista”, afirmou o presidente Marcio Matheus.“Vamos construir juntos”, argumentou.
Em resposta, Moacyr lembrou que a partir da nova lei vigorará a livre negociação. Afirmou que o momento é de fazer história e ser protagonista avançando no negociado frente ao legislado. “Podemos celebrar a CCT mesmo antes da lei e aplicar um aditivo com base na Reforma Trabalhista”, sugeriu.
“Por que não discutir os demais itens?”, questionou Moacyr. Disse que alguns itens da pauta são sociais e não impactam no orçamento das empresas.
Para o diretor financeiro, André dos Santos Filho, é preciso valorizar o trabalhador, garantindo a ele aumento real, com salário-base digno. Sempre pensando na saúde laboral, João Capana salientou que o Siemaco não abre mão das garantias de segurança e saúde.
“Estamos pagando pela insegurança jurídica”, argumentou Matheu. Em Moacyr defendeu uma negociação estratégica em antecipação às mudanças da Reforma Trabalhista, inclusive com a formação de uma mesa permanente com uma pauta contínua.
Fortalecimento dos trabalhadores filiados
Para Moacyr Pereira, as mudanças que no momento causam receio nos sindicatos patronais e dos trabalhadores poderão fortalecer as entidades. As novas regras da Reforma Trabalhista irão fortalecer, sobretudo, o quadro de trabalhadores e empresas filiados aos seus sindicatos representativos . “Poderemos focar nos interesses do trabalhador sindicalizado, buscando ainda mais direitos e oferecendo ainda mais benefícios”, acredita.
Coletor há oito anos e meio, Denilson da Silva sabe muito bem a importância de ser filiado ao Siemaco. Assim ele tem voz e, inclusive, durante a fase de discussão da pauta de reivindicações, ele apresentou seis propostas e algumas sugestões foram contempladas pelo Siemaco..
Para ele, que trabalha no período noturno mas sai de casa às 16 horas para chegar na Garagem da Loga Jaguaré a tempo, o desjejum faria a diferença. “Já chego com fome e preciso pagar por um lanche antes de sair para a coleta”, contou. “Tem de ser um desjejum de qualidade”, advertiu.
Quanto à insalubridade aos colegas ajudantes de serviços diversos ele não entende o porque eles ainda não têm este direito. “Eles enfrentam os mesmos riscos do que os varredores, que recebem a insalubridade.”
Apesar de considerar muito pequeno o aumento sugerido pelos patrões, entende que fará a diferença na feira. Por isso, ressaltou: as cláusulas sociais são de grande valor a nós, trabalhadores.
Além de coletor, Denilson é professor de Muay Thae. “O esporte garante o condicionamento físico necessário para eu trabalhar na coleta.” Com muito a falar, ele gostaria de sentar à mesa de negociações e ser porta-voz dos colegas, ciente de que tem muito a dizer.