Museu também é lugar de construir histórias

 Museu também é lugar de construir histórias

Provando que a arte e a literatura ocupam um espaço importante na vida das pessoas, a Casa das Rosas, museu localizado na Avenida Paulista, na capital paulista, abriu o seu espaço para os trabalhadores do Siemaco, através do Projeto Ocupação Cultural. Na casa-museu o passado e o presente se misturam e o visitante é o protagonista.

Para participar das atividades desenvolvidas especialmente para o sindicato, a Paineiras levou um grupo de profissionais com deficiência para viver uma tarde como de artistas. A atividade “Bordando Histórias”, foi realizada na quarta-feira (11) depois que a gerente de Recursos Humanos da empresa, Cristiane Vasconcelos, negociou a liberação dos funcionários, pelos clientes. O grupo chegou de ônibus e metrô e, especialmente, sem uniforme. 

Vidas cruzadas 

Tudo começou com uma prosa, quando os trabalhadores contaram a origem dos próprios nomes.  As arte-educadoras Amanda e Lucimara conduziram a conversa e inspiraram os convidados a construirem juntos uma obra de arte em foma de colagens e desenhos.

Através da leitura de textos de Graciliano Ramos e Vinícius de Morais, os trabalhadores se identificaram como pessoas “invisíveis”, mas fundamentais para a construção da sociedade. Também, a importância do coletivo para a vida do indivíduo.

A Supervisora do Educativo das casas-museus (Rosas, Mário de Andrade e Guilherme de Almeida), Alexandra Rocha, traduziu os diálogos para a línguagem de sinais (Libras). Garantiu assim a inclusão dos convidados com deficiência auditiva, prática usual durante as atividades.

Histórias por detrás dos nomes

O auxiliar de Limpeza Luiz não gostava do próprio nome, até que descobriu que também era nome do rei do baião, o cantor Luis Gonzaga. O seu colega Douglas queria se chamar Jonathan, mas o pai não sabia como escrever a grafia correta do nome e no cartório decidiu renomear o filho. Wilson orgulha-se de ser xará do avô, pai e primo.

João Batista sente-se honrado pelo seu nome bíblico. Ele, que já trabalhou como segurança de artista, controlador de acesso, jardineiro, motorista entre tantas atividades hoje é evangelico e sabe agradecer todas as conquistas a Deus.

Poliana, Edmilson, Daniel, Roselene, Janete, Joaquim, Rosana, Eloisa, Sueli contaram as origens dos nomes próprios e os colegas de trabalho aprenderam mais uns sobre os outros. Abiener descobriu que cada pessoa tem a sua própria história para contar.  Ele, que trabalhou na lavoura do café, é feliz cuidando do Parque Cereste, jardineiro que se tornou.

Cristiane, que por pouco não se chamou Sharlene, levou a arte coletiva para a Paineiras. No quadro, as histórias dos trabalhadores se cruzaram em suas diferenças e semelhanças e tornaram-se únicas ao serem eternizadas numa obra de arte bordada por multiartistas.

A diretora do Siemaco, Silvana Souza, destacou a importância dos trabalhadores da limpeza para todos os cidadãos. Ressaltou que a parceria firmada com as Casas-Museus é uma oportunidade para promover a cultura entre os profissionais da categoria.

Visite e participe das atividades gratuitas desenvolvidas pela Casa das Rosas:

http://www.casadasrosas.org.br

(Avenida Paulista, 37, de terça a domingo, das 10 às 22 hs).