Assédio Moral é crime mas a punição passa pela conscientização e prevenção através de ações tripartites entre sindicato, empresa e Ministério do Trabalho

 Assédio Moral é crime mas a punição passa pela conscientização e prevenção através de ações tripartites entre sindicato, empresa e Ministério do Trabalho

Uma denúncia feita por uma trabalhadora vitimada por Assédio Moral no ambiente laboral levou a diretora do Siemaco, Maria Silva, a realizar um Júri Popular sobre o tema, em 18 de maio. Numa parceria com a empresa Fusion Serviços Ltda; o coordenador da Comissão de Igualdades de Oportunidade de Gênero, Raça, Etnia e Pessoas com Deficiência e do Combate à Discriminação da Superintendência Regional do Trabalho, Jaudenir da Silva Costa, e o Sindicato dos Comerciários. Realizado em plena DRT, a ação sindical levou os trabalhadores a vivenciarem a dolorida experiência da vítima e refletirem sobre o relacionamento entre chefias e subordinados. 

“Você é uma aboninação”. Ouvir esta frase em pleno vestiário, na frente das colegas, foi a dota d’água para a auxiliar de limpeza (por respeito à vítima não iremos mencionar o nome da trabalhadora). Emocionalmente afetada, a trabalhadora procurou o sindicato, e foi prontamente atendida e ainda é recebe assistida com acompanhamento. 

Preconceito motivou o assediador

Após ser ofendida, a trabalhadora foi obrigada a deixar o vestiário feminino. A encarregada havia assumido o posto há pouco tempo, transferida de outro setor, mas a auxiliar de limpeza trabalhava no mesmo local há pelo menos dois anos, sem nunca ter enfrentado problemas de relacionamento com os seus pares e chefias. Inclusive, as colegas foram solidárias.

“A empresa, ao ser comunicada, mostrou-se sensibilizada e concordou em realizar, junto com o Siemaco e a SRT, um amplo trabalho de conscientização para enfrentar o Assédio Moral”, contou Maria.  Neste caso específico, o Assédio Moral foi agravado pelo recorte homofóbico. Ou seja, o preconceito gerou a discriminação, concretizada pela agressão.

Vivenciando a dor outro

“O júri popular permite simular um ambiente de identificação, tanto para com a vítima como os agressores e testemunha”, acredita Maria.  “É um momento de se colocar no lugar do outro, gerar mudanças de postura e compreender o quão fragilizado fica o assediado.”

Nesta ação sindical, além dos colaboradores da empresa Fusion, 30 estudantes universitários, estagiários do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), participaram do Júri Popular. Curiosamente, o próprio Jaudenir fez o papel de assediador e foi considerado “culpado” pelo júri, formado por colaboradores da empresa.

Maria alerta para o aumento das denúnicas em decorrência de Assédio Moral no Ambiente de trabalho, recebidas no primeiro semestre do ano. “Apenas nos primeiros quatro meses os números são maiores do que as queixas formalizadas durante 2017”, conta a diretora.

Alinhada com os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentárvel (Agenda 2030, da ONU) número 5 (Igualdade de Gênero), 8 (Emprego Digno e Crescimento Econômico) e 10 (Redução das Desigualdades), a ação sindical gera impacto pessoal, mudanças comportamentais e comprometimento empresarial. É importante frisar que o Assédio Moral impacta toda a vida de uma pessoa e deve ser combatido diariamente.