Protesto no Aeroporto de Guarulhos contra a Starbucks chama atenção para questões trabalhistas da multinacional

 Protesto no Aeroporto de Guarulhos contra a Starbucks chama atenção para questões trabalhistas da multinacional

Brandi Alduk, representante dos trabalhadores da Starbucks nos EUA, se une às centrais sindicais para denunciar práticas controversas da empresa em todo o mundo – Fotos: Alexandre de Paulo

O Aeroporto Internacional de Guarulhos foi cenário de uma manifestação em frente à loja Starbucks, nesta quinta-feira (21). Brandi Alduk, representante dos trabalhadores da empresa nos Estados Unidos, em parceria os sindicatos brasileiros, entre eles o SIEMACO São Paulo, organizou o ato para evidenciar as alegadas práticas antissindicais e más condutas trabalhistas da famosa multinacional de café.

O protesto contou com o apoio de centrais sindicais proeminentes, como CUT, UGT e Força Sindical. Essa demonstração pública é parte de uma série de eventos que Alduk tem participado no Brasil, todos voltados para a conscientização dos trabalhadores e do público em geral sobre os direitos trabalhistas e a responsabilidade das corporações.

“Muitas pessoas pensam que a Starbucks nos trata muito bem, mas sistematicamente temos poucos funcionários e espera-se que trabalhemos muito mais do que corresponde ao nosso salário”, disse Brandi Alduk, que trabalha há quatro anos numa loja localizada no bairro de Queens, em Nova Iorque (EUA).

Rafael Guerra, representante da Service International Employees Union (SEIU), sindicato norte-americano que representa cerca de dois milhões de trabalhadores, alerta para a possibilidade da empresa trazer as más práticas para o Brasil. “Já vimos essa história antes. O McDonald’s aplica a mesma estratégia: implanta o desrespeito trabalhista e a falta de compromisso com seus funcionários onde é mais flexível, depois exporta o modelo para as suas unidades ao redor do mundo”, denuncia.

Guerra explica que muitas empresas preferem pagar multas que respeitar os direitos trabalhistas. “Muitas dessas empresas só visam a lucratividade, pessoas são só números para elas. Se desrespeitar direitos for mais barato que cumprir leis trabalhistas, o que você acha que eles preferem? A história se repete constantemente”, completa.

Encontro na ALESP reforça agenda sindical

No dia anterior à manifestação, 20 de setembro, Alduk fez uma visita à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), acompanhada pelo tesoureiro da UGT Nacional, Moacyr Pereira. No local, a trabalhadora se encontrou com os deputados estaduais Simão Pedro (PT) e Eduardo Suplicy (PT), aprofundando as discussões sobre as preocupações sindicais e compartilhando sua experiência com a Starbucks nos EUA e alertando para as más práticas no Brasil.

“A luta pelos direitos trabalhistas deve ser observada globalmente. As denúncias que chegam até nós fazem com que dobremos a atenção às más práticas que podem ocorrer em nosso país. A manutenção das leis trabalhistas é essencial para nós”, afirma Simão Pedro.

Eduardo Suplicy reforçou a fala do colega correligionário, enfatizando a responsabilidade social com os trabalhadores. “As leis trabalhistas são essenciais para termos um proteção social aos nossos trabalhadores e nossas trabalhadoras. Vemos com preocupação as denúncias que a Bransi trouxe”.

Durante sua visita ao Brasil, Brandi Alduk tem alertado consistentemente sobre os desafios que os trabalhadores enfrentam ao lidar com corporações multinacionais. Sua agenda culmina nesta sexta-feira (22), após um almoço com o presidente nacional da UGT, Ricardo Patah, seguido de seu retorno aos EUA.

*Pelos jornalistas Alexandre de Paulo (MTB 53.112/SP) e Fábio Busian (MTB 81.800/SP)