Dia Mundial das Vítimas de Acidentes de Trabalho alerta para novos riscos na era da inteligência artificial

 Dia Mundial das Vítimas de Acidentes de Trabalho alerta para novos riscos na era da inteligência artificial

Hoje, dia 28 de abril, é o marco do Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho e o Dia Mundial da Saúde e Segurança no Trabalho, instituídos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). A data é mais do que uma homenagem: é um chamado à reflexão sobre as condições de trabalho e os desafios contemporâneos.

Em 2024, mais de 500 mil acidentes de trabalho foram registrados no Brasil, resultando em cerca de 2 mil mortes, segundo dados oficiais. O cenário evidencia a persistência da precarização, da falta de fiscalização e da ausência de uma cultura efetiva de prevenção.

Memória e compromisso com a vida

Lembrar as vítimas é um ato de justiça e um dever ético. Trata-se de reafirmar que a vida humana não pode ser subordinada ao lucro ou à produtividade. Essa consciência torna-se ainda mais urgente diante das transformações trazidas pela inteligência artificial (IA) e pela automação no mundo do trabalho.

“A data é um momento para reafirmarmos nosso compromisso com a saúde e a segurança dos trabalhadores. Diante dos novos desafios trazidos pela inteligência artificial, é fundamental garantir que a tecnologia seja usada para proteger e valorizar o ser humano, e não para intensificar a exploração. No setor de Asseio e Conservação e Limpeza Urbana, por exemplo, a IA pode ser utilizada para monitorar de forma excessiva a quantidade de atividade realizada, restringindo necessidades básicas como ir ao banheiro ou tomar água, tudo em nome da produtividade. É preciso regulamentar esses avanços para assegurar condições de trabalho dignas”, alerta Gabriel Amadeu, responsável pela Segurança do Trabalho do SIEMACO São Paulo

Inteligência artificial e novos riscos invisíveis

A tecnologia vem sendo celebrada como instrumento para aumentar a eficiência e reduzir riscos físicos. Robôs executam tarefas insalubres e sistemas inteligentes otimizam operações. Contudo, surgem novos riscos — invisíveis e silenciosos — que impactam diretamente a saúde mental dos trabalhadores.

O avanço da IA nos ambientes laborais tem imposto desafios como jornadas invisíveis, metas definidas por algoritmos, decisões automatizadas e constante sensação de vigilância. Estudiosos denominam esse fenômeno de “sofrimento algorítmico”, caracterizado pela perda de autonomia e pela gestão impessoal das rotinas de trabalho.

Atualizar conceitos para proteger a saúde mental

Diante desse cenário, é necessário atualizar os conceitos de saúde e segurança do trabalho, incorporando temas como estresse crônico, ansiedade, burnout, exclusão digital e a necessidade de transparência nos sistemas de gestão algorítmica.

O 28 de abril deve ser, portanto, não apenas um momento de memória, mas também de projeção de futuro. A era da inteligência artificial exige uma nova agenda de políticas públicas, regulamentação responsável, limites claros à vigilância digital e garantia da dignidade do trabalhador.

Defesa permanente dos trabalhadores

O SIEMACO-SP reforça o compromisso com a defesa da vida, da saúde e da dignidade de todos os trabalhadores, independentemente das transformações que o futuro do trabalho venha a impor.

Por Alexandre de Paulo (MTb 53112SP); Foto: Donald Wu/Unplash/Divulgação